Livro questiona a importância da moda
por Juliana Schmitt da revista l'officiel brasil
“A questão da moda não faz furor no mundo intelectual”. A sentença ácida – e verdadeira - que inicia Império do Efêmero dá o tom do restante do texto. Disposto a dar a merecida atenção à moda, o filósofo francês Gilles Lipovetsky não hesita em tocar em assuntos polêmicos.
Ao longo do livro, encontramos afirmações contundentes como “a Moda produz inseparavelmente o melhor e o pior, a informação vinte e quatro horas por dia e o grau zero do pensamento (p. 18)”; “de direito, o estilista é um criador livre, sem limites; de fato, à frente de um empreendimento industrial e comercial, o grande costureiro vê sua autonomia criadora limitada (p. 80)”; “a Alta Costura não produz mais a última moda; antes reproduz a sua própria imagem de marca ‘eterna’, transcendo a realidade efêmera da própria moda (p. 109)”;“deve-se superar a vituperação moralizante contra a moda; para além de sua irracionalidade e de seu desperdício aparente, ela contribui para uma edificação mais racional da sociedade porque socializa os seres na mudança, preparando-os para a reciclagem permanente” (p. 177). Aos defensores do papel da moda no “mundo intelectual”, é impossível não se animar com tal leitura.
Cabe ressaltar que a obra é grande conhecida dos pesquisadores e professores de Moda. Numa área na qual as pesquisas acadêmicas são relativamente novas, um livro lançado em 1987 pode até ser considerado um “clássico”, pedido e recomendado nos cursos. E, bem, como todo clássico, provavelmente é muito mais comentado do que lido. De fato, não é um livro fácil, em especial porque o autor trata a moda como um fenômeno complexo e amplíssimo, que se manifesta de maneira mais plena na indumentária, mas que na verdade abrange diversas esferas das sociedades democráticas. A segunda parte destina-se a essa abordagem mais generalizante. A primeira, no entanto, é notadamente importante para os estudantes do vestuário. Diria, mesmo, fundamental.
LIPOVETSKY, Gilles. O império do efêmero: a moda e seu destino nas sociedades modernas. São Paulo: Companhia das Letras, 2008, 11ª ed., 294 páginas
por Juliana Schmitt da revista l'officiel brasil
“A questão da moda não faz furor no mundo intelectual”. A sentença ácida – e verdadeira - que inicia Império do Efêmero dá o tom do restante do texto. Disposto a dar a merecida atenção à moda, o filósofo francês Gilles Lipovetsky não hesita em tocar em assuntos polêmicos.
Ao longo do livro, encontramos afirmações contundentes como “a Moda produz inseparavelmente o melhor e o pior, a informação vinte e quatro horas por dia e o grau zero do pensamento (p. 18)”; “de direito, o estilista é um criador livre, sem limites; de fato, à frente de um empreendimento industrial e comercial, o grande costureiro vê sua autonomia criadora limitada (p. 80)”; “a Alta Costura não produz mais a última moda; antes reproduz a sua própria imagem de marca ‘eterna’, transcendo a realidade efêmera da própria moda (p. 109)”;“deve-se superar a vituperação moralizante contra a moda; para além de sua irracionalidade e de seu desperdício aparente, ela contribui para uma edificação mais racional da sociedade porque socializa os seres na mudança, preparando-os para a reciclagem permanente” (p. 177). Aos defensores do papel da moda no “mundo intelectual”, é impossível não se animar com tal leitura.
Cabe ressaltar que a obra é grande conhecida dos pesquisadores e professores de Moda. Numa área na qual as pesquisas acadêmicas são relativamente novas, um livro lançado em 1987 pode até ser considerado um “clássico”, pedido e recomendado nos cursos. E, bem, como todo clássico, provavelmente é muito mais comentado do que lido. De fato, não é um livro fácil, em especial porque o autor trata a moda como um fenômeno complexo e amplíssimo, que se manifesta de maneira mais plena na indumentária, mas que na verdade abrange diversas esferas das sociedades democráticas. A segunda parte destina-se a essa abordagem mais generalizante. A primeira, no entanto, é notadamente importante para os estudantes do vestuário. Diria, mesmo, fundamental.
LIPOVETSKY, Gilles. O império do efêmero: a moda e seu destino nas sociedades modernas. São Paulo: Companhia das Letras, 2008, 11ª ed., 294 páginas
